Deputado avalia que partido não formará chapas forte para o legislativo e destino provável é PSD ou PSDB
O deputado estadual Paulo Duarte (PSB) confirmou nesta quarta-feira (10) que deixará o partido na janela partidária de março. Segundo ele, a decisão é inevitável diante de dois fatores que, combinados, tornam impossível sua tentativa de reeleição dentro da sigla: a falta de chapas competitivas para deputado estadual e federal em Mato Grosso do Sul e o alinhamento nacional do PSB com o PT, o que inviabiliza seu apoio ao governador Eduardo Riedel (PP).
O deputado estadual Paulo Duarte confirmou sua saída do PSB durante a janela partidária de março. A decisão baseia-se na falta de chapas competitivas para deputados estadual e federal em Mato Grosso do Sul, além do alinhamento nacional do partido com o PT, que impossibilita seu apoio ao governador Eduardo Riedel. Duarte, que deve migrar para o PSDB ou PSD, destaca que o momento político é o mais incerto que já presenciou. O parlamentar ressalta a dificuldade dos partidos em encontrar candidatos competitivos e formar chapas robustas, situação agravada pela redução do número de legendas e recentes mudanças de liderança no cenário político estadual.
Duarte reforçou que não se trata de um desejo pessoal de sair, mas de uma condição prática para manter viabilidade eleitoral. Ele disse que solicitou ao partido condições para permanecer, porém o cenário interno não oferece perspectiva mínima de disputa. “Houve a solicitação da minha permanência. Não é vontade minha sair, é a impossibilidade de ser candidato à reeleição”, explicou. Ele afirmou ainda que pessoas próximas a ele continuarão no PSB e devem integrar a direção municipal em Campo Grande e a direção estadual.
O primeiro ponto decisivo para a saída é a confirmação de que o PSB dificilmente conseguirá estruturar chapas proporcionais em 2026. O deputado afirma que o partido não terá tempo nem nomes competitivos suficientes para montar chapas de estadual e federal. “O PSB, quase certeza, não montará uma chapa para estadual e federal. Pelo menos é o quadro que se tem. Há pouco tempo para isso ser definido”, afirmou.
Duarte destacou que a ausência de chapas fortes coloca qualquer candidato em risco e relembrou o episódio da eleição passada, quando foi um dos mais votados, mas não assumiu a vaga imediatamente porque o PSB não alcançou o quociente eleitoral. “Fiquei entre os 24 mais bem votados, mas o partido não fez o quociente. Eu fui o 17º, 18º mais votado, e entrei um ano depois porque o partido não fez [a vaga]. Esse é o grande problema: achar candidaturas competitivas”, disse.
Ele reforça que, sem uma chapa organizada, o risco de perder a vaga mesmo com boa votação é alto. Pela regra atual, os partidos precisam reunir cerca de 25 candidatos competitivos para formar a chapa de estadual o que, segundo ele, é uma dificuldade generalizada no cenário político local.
O segundo fator que confirma sua saída é a orientação nacional do PSB de compor o arco de alianças com o PT na eleição presidencial. Segundo Duarte, isso automaticamente repercute nos estados e impossibilita que ele apoie Eduardo Riedel no Mato Grosso do Sul.
“A outra questão é que o PSB, pela orientação nacional, fará parte do arco de alianças com o PT. Então não tem como eu estar em um partido que não vai apoiar o governador Eduardo Riedel”, afirmou.
Ele explicou que chegou a pedir uma negociação interna que permitisse uma posição diferenciada no segundo turno, permitindo apoiar Riedel sem aderir ao bolsonarismo, mas não houve abertura suficiente dentro da sigla.
Duarte classificou o momento como o período pré-janela partidária mais incerto que já testemunhou. Ele afirmou que, a três meses da abertura da janela, “ninguém sabe de nada”, e que isso nunca ocorreu em sua experiência política. Para ele, a indefinição tem duas causas: a redução do número de partidos, que exige chapas mais enxutas e mais competitivas, e a recente mudança de lideranças no PSDB, que alterou o equilíbrio político no Estado.
“Acho que é a eleição mais atípica nesse sentido. Estamos em dezembro, faltam três meses para a janela partidária e ninguém sabe de nada. Nunca teve um processo eleitoral tão indefinido como esse”, avaliou.
Ele afirma que os partidos vivem uma “crise existencial”, com dificuldade para encontrar candidatos competitivos e para preencher o número necessário de vagas. “É muito difícil hoje achar candidato competitivo. Os partidos estão em crise existencial. Você tem que achar 25 candidatos. Não é fácil. E ter voto não é fácil”, disse.
Sobre o futuro, Paulo Duarte diz que seus caminhos hoje estão restritos a duas siglas: PSDB e PSD. Ele ressalta, porém, que a indefinição geral do cenário eleitoral se reflete também em sua própria escolha.
“Se eu tivesse que dizer hoje, seria entre esses dois. Mas eu só sei, nesse momento, que nada sei”, afirmou. Ele diz que não há nomes, partidos ou chapas definidos em lugar nenhum e que a disputa de 2026 deve ser marcada por reacomodações intensas próximas da janela.









