Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, conversou com o Campo Grande News
O calendário eleitoral de 2026 começa a redesenhar o tabuleiro político em Brasília e nos estados. A expectativa de ministros e secretários que devem deixar cargos para disputar eleições abre espaço para mudanças estratégicas no governo federal, e uma delas pode ocorrer no comando do Ministério da Fazenda.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Carnevalli Durigan, de 39 anos, emerge como potencial sucessor de Fernando Haddad na pasta, em meio às articulações políticas para 2026. Natural de Jaboticabal (SP), Durigan construiu carreira técnica sólida, com passagens pela AGU, Casa Civil e WhatsApp Brasil.Com formação em Direito pela USP e mestrado pela UnB, o atual número dois da Fazenda mantém perfil discreto e técnico. Homem de confiança de Haddad e do presidente Lula, sua possível ascensão ao comando da pasta está relacionada às movimentações eleitorais que podem levar o atual ministro a disputar cargo majoritário em São Paulo.
Nos bastidores do Planalto, cresce a aposta numa “chapa dos sonhos” articulada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que envolve Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Simone Tebet em disputas majoritárias em São Paulo, seja pelo governo estadual ou pelo Senado. A costura busca fortalecer o palanque paulista na tentativa de reeleição de Lula, em um dos estados mais decisivos do país.
Nesse contexto, ganha relevo o nome de Dario Carnevalli Durigan, atual secretário-executivo, o número dois, do Ministério da Fazenda. Advogado, 39 anos, nascido em Jaboticabal (SP), Durigan é apontado como possível sucessor de Fernando Haddad, caso o ministro deixe o cargo para se dedicar à articulação política e à campanha eleitoral.
Na virada do ano, Durigan recebeu a reportagem em Jaboticabal, onde mantém vínculos familiares e passa períodos de descanso. A cena doméstica ajuda a dimensionar o perfil do personagem. Simples, discreto e jovial, ele atendeu sentado no chão da sala, cortando as unhas de uma das filhas pequenas. São duas. Um contraste eloquente com o peso do cargo que ocupa e com as especulações que o cercam.
Com raízes profundas na região, Durigan divide sua rotina entre Jaboticabal e Brasília. Filho de família tradicional do interior paulista, seus pais são naturais de Taiúva, onde mantiveram propriedade rural por décadas. Na juventude, estudou no cursinho Anglo São Luís, em Jaboticabal, antes de deixar a cidade para construir uma trajetória acadêmica e profissional no serviço público.
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Direito e Pesquisa Jurídica pela Universidade de Brasília (UnB), Durigan construiu carreira técnica e política consistente. No governo federal, atuou como coordenador de projetos de gestão estratégica da Advocacia-Geral da União entre 2010 e 2011 e como assessor jurídico da Casa Civil de 2011 a 2015, em gestões petistas. Mais tarde, foi assessor especial de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo entre 2015 e 2016 e advogado da Consultoria Jurídica da União em São Paulo de 2017 a 2020.
Entre 2020 e 2022, ocupou o cargo de head de políticas públicas do WhatsApp no Brasil, ligado à Meta, conglomerado que reúne também Facebook e Instagram. Nesse período, destacou-se no debate sobre democracia e plataformas digitais, definindo a desinformação como “um desafio da geração”, capaz de comprometer instituições e a própria democracia.
Hoje, como secretário-executivo da Fazenda, Durigan é homem de confiança de Haddad e conta, segundo interlocutores do governo, com respaldo direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conduzir a política econômica em um ano eleitoral sensível, marcado pela consolidação da reforma tributária.
Mato Grosso do Sul, cultura e laços afetivos
Durante a visita, Durigan recebeu o livro Diálogos do Ócio, sobre o poeta Manoel de Barros, e fez questão de destacar sua ligação afetiva com Mato Grosso do Sul. Declarou-se admirador da cultura e da literatura sul-mato-grossense, em especial da obra do poeta pantaneiro. Segundo ele, livros como Exercícios de ser criança, O menino que carregava água na peneira, Memórias Inventadas para Crianças, Cantigas por um passarinho à toa e O Fazedor de Amanhecer fazem parte da formação das filhas, educadas com leitura e imaginação.
Amigo pessoal da ministra do Planejamento, Simone Tebet, Durigan afirmou apoiar uma eventual candidatura dela em São Paulo e citou a obra O Voo da Borboleta, na qual Tebet relata sua trajetória política, de prefeita de Três Lagoas a ministra de Estado.
Comedido, evitou cravar qualquer nomeação. Disse tratar-se de “um processo natural de transição”, se houver, sustentado pela confiança do ministro Haddad e do presidente Lula.
Durigan é filho do professor Julio Cesar Durigan, engenheiro agrônomo, docente da Unesp em Jaboticabal e reitor da universidade entre 2013 e 2017, falecido em setembro daquele ano, aos 63 anos. A Unesp, criada em 1964, integra profundamente a história de Jaboticabal e de milhares de estudantes que passaram pela cidade, entre eles o atual governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, que cursou mestrado na instituição nos anos 1990 e viveu no município ao lado da esposa, Mônica Riedel.
Coincidências geográficas e históricas à parte, Jaboticabal pode voltar a figurar no centro da política nacional. “Independentemente das disputas eleitorais de 2026, o Ministério da Fazenda e o governo federal continuarão de portas abertas para Mato Grosso do Sul e para todos os estados, inclusive durante o processo de implementação da reforma tributária”, afirmou Durigan.
Discreto, técnico e avesso a holofotes, o advogado do interior paulista surge, assim, como um dos nomes mais fortes para comandar a economia brasileira em um dos períodos mais delicados do próximo ciclo político.










