sexta-feira, dezembro 19, 2025
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Simone Tebet pode dividir PT e afetar palanque de Lula em MS


A indefinição da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), sobre onde disputará o Senado em 2026 transformou-se num foco de tensão dentro do PT de Mato Grosso do Sul e acendeu um alerta na direção nacional do partido.

A indefinição da ministra Simone Tebet sobre sua candidatura ao Senado em 2026 gera tensão no PT de Mato Grosso do Sul. A possibilidade de Tebet montar dois palanques, apoiando tanto Lula quanto o governador Eduardo Riedel, ameaça a pré-candidatura de Fábio Trad ao governo estadual. O impasse chegou à direção nacional do PT, com o presidente Edinho Silva assumindo pessoalmente a questão. Uma possível solução seria a candidatura de Tebet ao Senado por São Paulo, evitando um racha local. O MDB sul-mato-grossense também demonstra insatisfação, resistindo à ideia de abrir palanque para Lula no estado.

Em reunião fechada com dirigentes estaduais, o presidente do PT, Edinho Silva, ouviu um diagnóstico direto: caso Simone decida concorrer pelo Estado e insista em montar dois palanques um para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outro para o governador Eduardo Riedel (PP), o partido corre o risco concreto de ficar sem candidato próprio ao governo.

Segundo a avaliação apresentada à direção nacional, qualquer arranjo que envolva neutralidade formal ou a convivência entre Lula e Riedel no mesmo tabuleiro eleitoral seria politicamente inviável no Estado.

O cenário tornaria insustentável a pré-candidatura do advogado e ex-deputado federal Fábio Trad, lançada recentemente pelo PT como tentativa de reconstruir um palanque competitivo do campo progressista em Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, a eventual retirada de Trad não seria um gesto individual, mas consequência direta da falta de coerência política entre os campos em disputa.

O mal-estar vai além da engenharia eleitoral. Dirigentes petistas relatam forte resistência da base lulista ao governo estadual, visto como cada vez mais alinhado a setores da direita bolsonarista. Para esse grupo, a tentativa de conciliar apoios antagônicos aprofundaria a desmobilização do eleitorado, esvaziaria o palanque presidencial e agravaria as dificuldades do PT num Estado já marcado por um ambiente político adverso.

Direção nacional entra em campo

O impasse chegou à direção nacional com grau de urgência. Ao fim da reunião, Edinho Silva sinalizou que assumiria pessoalmente a condução do problema, comprometendo-se a buscar uma solução capaz de preservar a coerência do palanque de Lula em Mato Grosso do Sul.

Nos bastidores, cresce a avaliação de que uma eventual candidatura de Simone Tebet ao Senado por São Paulo seria a alternativa mais viável para evitar um racha local e manter organizada a estratégia do campo governista no Estado.

A ministra vive, no entanto, o dilema da indefinição, o que desagrada também a maioria do MDB sul-mato-grossense, que só aceitará sua candidatura ao Senado por Mato Grosso do Sul se for imposta pelo diretório nacional.

O motivo dos emedebistas é o oposto do dos petistas: não querem abrir palanque para Lula no Estado, ainda mais com Simone e o marido, o ex-deputado Eduardo Rocha, recém-desembarcado da Casa Civil do governo estadual, integrando a coalizão de partidos do centro à extrema direita que sustenta a candidatura de Riedel, uma “esquizofrenia”, enfim.

Pré-candidato ao governo pelo PT, Fábio Trad confirma que sua permanência na disputa está condicionada a essa definição. Em entrevista à reportagem, ele afirma que o lançamento de seu nome ocorreu com a ressalva de que o impasse envolvendo Simone Tebet precisaria ser resolvido pela direção nacional antes de qualquer avanço definitivo da campanha. “Eu fui lançado como pré-candidato, mas deixei claro que ainda precisam ser feitos alguns ajustes, principalmente no posicionamento de alguns agentes políticos, em especial da Simone”, afirmou.

Segundo Trad, a tarefa de equacionar o problema foi assumida pela executiva nacional do partido e pelo grupo de trabalho eleitoral, a pedido da própria direção estadual. Ele diz que o tema também é tratado como sensível pelo Palácio do Planalto. “Segundo o presidente Edinho, o presidente Lula ficou satisfeito com o lançamento do nosso nome, mas ele próprio reconhece que é preciso saber como vai equacionar essa questão do palanque lulista aqui no Estado”, disse.

Trad confirmou ainda que tem uma reunião marcada com Lula em janeiro, quando pretende discutir pessoalmente a viabilidade de um palanque claramente alinhado ao projeto do governo federal.

Questionado sobre seu posicionamento eleitoral, Trad afirmou que hoje está focado na disputa pelo governo. “Já sou pré-candidato, estou pré-candidato. Eu creio que a palavra do presidente nacional vai se concretizar e que a gente vai liderar essa jornada aqui pelo presidente Lula”, disse.

Segundo ele, a confirmação definitiva da candidatura dependerá da resposta do presidente. “Eu preciso saber se ele quer, de fato, que o Mato Grosso do Sul tenha um palanque para sustentar as bandeiras do seu governo e, ao mesmo tempo, apresentar um modelo inspirado na sua gestão”, afirmou.

Simone divide PT e coloca em risco palanque de Lula e candidatura de Fábio Trad
Fábio monstrando a ficha de filiação no PT, ao lado de lideranças do partido, em 30 de agosto (Foto: Arquivo)

Na planície

Ao voltar ao papel de Simone Tebet, Trad reafirmou que a indefinição da ministra provoca desconforto no campo progressista e tende a se agravar caso ela opte por disputar o Senado por Mato Grosso do Sul mantendo uma posição ambígua. “Se houver essa posição dúbia, vai causar ruído na militância e isso pode prejudicar o próprio presidente Lula aqui”, disse.

Questionado sobre a hipótese de Simone pedir votos simultaneamente para Lula e para o governador Eduardo Riedel, foi taxativo: “Seria catastrófico para o presidente Lula, porque haverá embate entre o campo progressista engajado na candidatura estadual e ela”.

Segundo Trad, o PT sul-mato-grossense já sinalizou disposição para dialogar, mas avalia que, neste momento, não há espaço para uma solução construída localmente. A eventual reaproximação de Simone com o partido no Estado, afirma, só ocorreria mediante uma definição clara de alinhamento político ou por uma intervenção direta da direção nacional. “Já acenamos várias vezes para que esse diálogo se estreitasse, mas me parece que a opção dela é resolver diretamente com o presidente Lula. E nós, aqui da planície, respeitamos”, afirmou o pré-candidato.



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